quinta-feira, 10 de julho de 2014

Carta para uma possível reconciliação de amizade

Olá G, espero que te encontres bem. Escrevo-te agora porque penso que os ânimos já estão mais sarados. Tenho-me lembrado muito de ti, de como estás, de como vais e sobretudo de como estás a nível profissional. Tenho sabido muito pouco de ti; na verdade o que sei é o que a tua mãe conta ao D. que depois me transmite por saber que eu gosto muito de ti. Conto-te uma cena nossa. Nós não estamos juntos – vamos estando quando dá – é que somos de “mundos muito diferentes”. Bem, mas num jantar, com algum vinho à mistura, ele perguntou-me se já tinha tido o grande amor da minha vida. Respondi-lhe dizendo que ele próprio já tinha tido, afinal esteve com o outro rapaz 7 anos. Continuei dizendo que podiam não ter sido 7 anos, mas que foram quase 3 muito bonitos e cheios. Perguntou-me o que sentia em relação a ti, respondi-lhe que naquele momento saudades e um amor incondicional, que não significava ser carnal, mas de um profundo entendimento do que sentias e do que eu sentia. Gostei muito de ver o teu vídeo pela Propagandista Social, estás um bom entrevistador. Não sei se te disseram, mas fiz-te uma dedicatória com ele. Ainda ontem e na semana passada coloquei duas fotos nossas no Instagram. Também não sei se viste. Eu, finalmente, consegui recuperar-me. Voltei ao antigo J, ou melhor, ao antigo Jo como tu me tratas e conheces, um pouco mais maduro, mas confuso em relação à vida. Desisti dos doutoramentos, desisti da minha carreira académica e neste momento o meu ganha-pão resume-se a ensaios de moda, a gravações de voz e a lavar e varrer cabelos nos salões do D. Às vezes ainda ajudo no café. Decidi não perceber o que aconteceu com certas pessoas, como é o caso do I., do M., da C., da P., da P., do Ja., do Joo, da F. – tomaram a sua atitude e só me cabe a mim respeitá-las, mesmo não as aceitando ou as compreendendo. Falei com o A, e percebi que ele nada tem a ver com isso; o rapaz é bom moço. Ainda sobre isto, não vale a pena estar a tentar encontrar a verdade – seria muito doloroso para ti e para mim. As coisas ficaram no passado e no passado ficarão – todas. Penso que não tivemos, nem tu nem eu, amigos à altura, que soubessem colocar-nos numa posição de reconciliação e amizade. Depois, ambos, e sabemos tão bem, somos muito teimosos e orgulhosos. O nosso namoro foi cheio de altos e baixos – teve de tudo – e “um dia” por falta de comunicação e confiança, decidimos desaparecer da vida de um do outro. Apesar de não estarmos mais juntos física e emocionalmente, continuo a sentir um grande “amor” de amigo por ti. Esse amor está vivo e forte, mesmo com esta ausência de meses. Sou-te sincero, não sonho com a reconciliação de amor, mas gostava de um dia te voltar a abraçar e continuar a ter contacto contigo, com o teu irmão e com os teus pais – vocês são muito importantes para mim. Sinto a tua falta, das tuas gargalhadas, da tua presença, da tua atrapalhação. Se quiseres, o meu número continua o mesmo, gostava muito de te voltar a abraçar. Um beijo. Termino como terminei a fita (gostaste da fita?) – e porque se amam os amigos, eu amo-te G.. (Ps: gostei muito de te ver na Bênção das Fitas – encheste-me de orgulho).